Está aqui a chave do mistério. O mistério da tal química e de todas aquelas substâncias com nomes esquisitos com que a nossa amiga Perfect Woman nos baratinou a cabeça no seu post do dia 27 do corrente mês. Recuando no tempo, deparamo-nos com infelizes casais amantíssimos que, por causa da tal química se finaram tragicamente enredados em traições, guerras, ódios e desventuras: Pedro e Inês, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Otelo e Desdémona, Cleópatra e Júlio César + Marco António. Tudo isto , porquê? Porque a maçã que o pobre Adão tomou das mãos da sua companheira Eva, devia estar impregnada de todas essas substâncias que a Perfect Woman teve a gentileza de nos dar a conhecer. Deus criou a mulher, mas criou também a maçã e Ele sabia bem o resultado que isso iria ter porque Ele é perfeito, omnisciente e omnipresente; um ser assim nunca poderia ou, pelo menos, não deveria ignorar a composição do fruto que fora objecto da sua criação, nem a qualidade do barro que utilizara para modelar o seu par de cobaias humanas. Logo, era sua intenção lançar o pecado sobre o incauto casal que Ele, num aparente gesto de boa vontade, colocara no Paraíso expulsando-o logo em seguida para assim o converter na progenitura da Humanidade. E que Humanidade! Foi um gesto de pura diversão porque Ele sabia bem a asneira que isso iria dar, mas as contendas com Lúcifer não estavam resolvidas, a traição do Anjo Mau não estava esquecida e Ele resolveu pregar-lhe uma partida - povoar o mundo com muitos e variados mafarricos. Deus inventou assim a lei da concorrência e Lúcifer também nunca mais teve descanso. Tem o mundo todo às avessas e a Humanidade toda contra ele e olhem que até para um Anjo Mau deve ser extenuante ouvir há milhares de anos a mesma conversa: " Isto é obra do Diabo, o Diabo que o carregue, tem o Diabo no corpo, há horas do Diabo, são tentações do Diabo, tem pacto com o Diabo, entre os dois venha o Diabo e escolha, etc. ect. ect. ". É demais! Não há Diabo que resista a tantas imprecações. Mas, mesmo que Deus tenha criado o mundo num acesso de mau-humor e apesar das quezílias entre Ele e o Diabo, há algo na Sua Obra ( a tal maçã carregada de dopaminas, feniletilaminas, ocitocinas, norepinefrinas e ferormónios ) que torpedeou fatalmente a mancha do pecado com que projectara estigmatizar-nos até ao dia do Juizo Final. O sentimento de vergonha que fustigou os nossos ancestrais progenitores levando-os a encobrir as "partes pecaminosas" enquanto eram escorraçados do Paraíso, metamorfoseou-se nesse sentimento glorioso e avassalador que tem alimentado a inspiração de trovadores, artistas e poetas de todos os tempos - A PAIXÃO. Quem é que nunca se sentiu, nem que fosse em sonhos, possuído por uma louca e arrebatadora paixão? E ainda que os tratados de psicologia nos digam que todo o estado de paixão é incompatível com a razão, quem é que está interessado em ser razoável quando a chama da paixão lhe inflama o corpo e lhe consome as entranhas? Quem poderá ficar insensível a esta bela e plangente cantiga de amor?
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SAUDAÇÕES LEONINAS |
A minha amiga Cipriana resolveu ir a pé a Fátima no cumprimento de uma promessa pelo facto da Virgem lhe ter curado uma unha encravada. Ainda tentei dissuadi-la, dizendo: "Não vás, olha que é uma grande caminhada, tu já não és nenhuma jovem, ainda por cima nunca foste a Fátima e não tens qualquer sentido de orientação, ainda te vais perder, tem juizo mulher!". O meu apelo não surtiu qualquer efeito, promessas são promessas era a única resposta que a Cipriana dava às minhas tentativas para a fazer desistir daquela louca caminhada. Lá partiu acompanhada pela filha, cujo namorado andava com uns problemas de ejaculação precoce e, embora a moça não fosse muito crente, resolveu fazer a peregrinação numa de se não fizer bem, mal também não faz. Entretanto a mãe da Cipriana que já há muito tempo tinha uma promessa por cumprir que se reportava à última peste suína que atacara a região, achou que era a altura ideal para cumprir a promessa não fosse ela morrer sem pagar o tributo à Virgem por ter poupado da peste os seus porquinhos enquanto dizimara tantos outros. Iniciaram a caminhada, por serras e atalhos, a Cipriana no comando, muito segura de si e confiante nas explicações sobre o itinerário que lhe dera um vizinho habituado àquelas andanças. A mãe e a filha seguiam-na cegamente e lá foram, parando de vez em quando para descansar, beber água e petiscar qualquer coisa. O dia estava fresco, a serra cheirava a rosmaninho, respirava-se ar puro, pode dizer-se que a caminhada até estava a ser agradável. A Cipriana lá ia esticando o dedo sempre que era preciso mudar de rumo até que deixaram os atalhos e a serra, retomando a estrada que, no seu entender, ia direitinha ao Santuário. Efectivamente, passado um quilómetro, lá estava uma praça apinhada de gente, uma multidão ululante que gritava frente a um edifício protegido por um cordão policial: "Eu via-a, eu via-a. Eu até lhe toquei. Ela até me beijou. Ela voltou, ela voltou!!!!!!!". As mulheres seguravam retratos enormes de encontro ao peito e a mãe da Cipriana que vê mal, mas não usa óculos, aproximou-se para tentar descortinar a figura retratada, perguntando a uma das mulheres: "É ela? É a Nossa Senhora?". Ao que a mulher respondeu: "Pode bem dizê-lo, é a nossa santinha e voltou, ela sempre disse que voltava, se quiser pode ficar com este ( estendeu-lhe o retrato da santinha ) eu arranjo outro". Maravilhada com aquela multidão em êxtase, a Cipriana virou-se para a filha: "Estás a ver como eu não me enganei no caminho? Chegámos ao Santuário de Fátima e aquele edifício deve ser a Basílica. Ouves o que eles estão a dizer? Que ela voltou, é um milagre filha, ela voltou a aparecer". Ao aperceber-se do estado de transe em que se encontravam a mãe e a avó, a rapariga gritou: " Ó suas azémolas, isto não é Fátima e esse retrato que a avó tem na mão é daquela gaja que fugiu para o Brasil". Ao ouvi-la, uma das mulheres foi direita a ela e, com uma voz esganiçada, vociferou: "Ó sua lambisgóia de merda, você chamou gaja à nossa Drª. Fátima, à nossa Presidenta? Olhe que eu parto-lhe as trombas!". Avó, mãe e filha, na contingência de se verem trucidadas pela multidão, deram corda aos sapatos e voltaram para casa, frustradas e com as promessas por cumprir. Contudo, não pensem que a minha amiga Cipriana desistiu da promessa, só que vai esperar pela peregrinação do vizinho e vai com ele para não correr o risco de ir novamente parar a Felgueiras onde uma senhora chamada Fátima atravessou as nuvens, não por meios sobrenaturais, mas por avião, aterrou na Portela, chegou a Felgueiras de carro, não pousou numa azinheira como qualquer Santa que se preze, saíu gloriosamente do Tribunal e, em vez de três pastorinhos para receberem a sua mensagem, tinha muitos, muitos carneirinhos. |
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