Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2006
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Sobre a religião:Poderia dizer que a religião é uma espécie de luxo. É muito bom praticar alguma, mas é evidente que podemos bem passar sem ela. Em troca, sem as qualidades humanas fundamentais - o amor, a compaixão e a bondade - não podemos sobreviver. A nossa paz e estabilidade mental dependem delas.
Sobre a utilidade das diferentes tradições religiosas:Cada religião insiste no progresso humano, no amor, no respeito pelos outros e em compartilhar os sofrimentos do próximo. Na medida em que o amor é essencial em cada uma delas, poder-se-ia falar da religião universal do amor. Quanto às técnicas e aos métodos para desenvolver o amor e atingir a salvação ou uma libertação permanente, há inúmeras diferenças entre os cultos. Por isso, não penso que possa existir uma filosofia ou uma religião única. Creio que, dado o facto de existir uma tal variedade de povos com predisposições e inclinações tão variadas, as diferenças nas crenças são úteis. Há uma riqueza no facto de haver tantas representações diferentes à nossa disposição.
(
Tirado de: Samsara O livro do Dalai Lama )
PEQUENA NOTA BIOGRÁFICA:
O Dalai Lama nasceu em 6 de Julho de 1935, filho de pequenos agricultores, numa pobre aldeia chamada Taktser situada no extremo nordeste do Tibete, na província de Amdo que faz fronteira com a China. Quando a China invadiu o Tibete, foi obrigado a exilar-se e, em Março de 1959, partiu para a Índia onde ainda continua a viver. Foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz em 1989.
Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006
align="left"hspace="10"> Na revista mensal do jornal Público Pontosnosii saída em Janeiro, foi publicado um artigo sobre Maria Filomena Mónica e a sua autobiografia, recentemente publicada, Bilhete de Identidade . Professora universitária, 62 anos, socióloga, investigadora, três meses por ano passados em Oxford, dois filhos, três netos e mais uns tantos atributos que escuso de enumerar.
align="right"hspace="10"> A referida revista transcreve alguns excertos do que terá sido a entrevista de Maria Filomena Mónica, os motivos que a terão levado a escrever Bilhete de Identidade , o passado de menina rebelde, o inconformismo perante as desigualdades sociais que a atormentavam apesar de viver uma adolescência privilegiada, as atribulações da sua vida sentimental, os seus receios perante a loucura e a perda de racionalidade. A mãe sofre de Alzheimer há 10 anos e, temendo a perspectiva de vir a contrair a doença, a qual terá uma componente hereditária, Maria Filomena Mónica decidiu escrever as suas memórias aos 62 anos pois poderá não ser capaz de o fazer aos 72. A prosa estava interessante, a leitura estava a agradar-me até ao momento em que veio à baila o tema maternidade e aí fiquei estarrecida perante a afirmação da Srª. Socióloga, Professora Universitária, Investigadora, Intelectual conceituada da nossa praça, etc. etc. Transcrevo textualmente o que foi publicado na página 47 da Revista Pontosnosii: " Não gosto de bebés. Só dos que são fruto da minha carne e do meu sangue. Acho os outros nojentos, sempre a bolsarem " .
Não é uma afirmação espantosa? E o mais espantoso é que não vi até hoje qualquer crítica ou alusão à barbaridade de tal afirmação. Será que eu fui a única pessoa a ler o Público naquele dia? Ou será que quem leu não lhe deu a devida importância por pensar que a senhora já não se encontrava no pleno uso das suas faculdades mentais?
Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2006
Eras o meu melhor amigo e ainda me custa a acreditar que me deixaste. Não digo que te perdi porque, enquanto eu viver, estarás sempre no meu coração, mas é muito doloroso não poder ouvir-te, não poder falar contigo, não poder abraçar-te, não poder preparar-te a bica com o cheirinho de que tanto gostavas. Eu sei que ninguém é eterno, mas quando olhava para ti, tão forte e vigoroso, tão agarrado à vida, pensava que te teria ainda por muitos anos. Via-te sempre como o meu paizão rijo que nem um pêro como eu costumava chamar-te. Pai, faz hoje 15 dias que me deixaste, assim sem mais nem menos, como tu querias, de repente para não dar trabalho a ninguém, como muitas vezes dizias, mas custa muito, é uma mágoa muito grande porque falei contigo na véspera, sem saber que era a última vez que te ouvia, e despedi-me com um até amanhã pai sem saber que afinal era um adeus pai .